das regras

[…] mas o que o mundo não espera, nunca esperou, fálico que sempre foi, coitado, é que a força hercúlea é construída não com uma regra mensal, mas com séculos e milhares. nesse quesito, e disso também todos sabemos embora bem poucos vejam e menos ainda o digam, surgimos guerreiras, guerreadas e guerrilhas. não viemos em paz que a paz nunca respeitou nossas regras. não viemos tampouco em guerra que de balas de facas de falas morremos todos os dias. viemos com as mãos calejadas de fluxos. com os pés sobrevividos do fogo. com os ventres carregados de sangue. com as vozes equipadas de som. que já está passando da hora de deixar de medir o mundo pelo falo. tamanho nunca foi o principal instrumento do gozo. que já está passando da hora de abandonar a velha versão das colchas. que sabemos de penélopes muito mais que o dia e a noite. que já passa da hora do almoço e estamos com fome, já passa da hora do sono e estamos acordadas, já passa da hora do grito e estamos com o não. que venham o próximo mês, a próxima era, as próximas.

(Dheyne de Souza)

Trecho de um capítulo inédito do meu romance em andamento. O capítulo completo foi publicado na revista Opiniães.

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